VARIAÇÃO NA MORFOLOGIA ALAR DE DROSOPHILA NASUTA Lamb, 1914 (DIPTERA, DROSOPHILIDAE) EM BIOMAS INVADIDOS NA AMÉRICA DO SUL
Drosophilidae, Invasões Biológicas, Microevolução, Morfometria.
As espécies invasoras são uma das maiores causas de perda de biodiversidade no planeta.
Acredita-se que as invasões continuarão a crescer no mundo. Um exemplo recente de invasão
na América do Sul é a chegada da mosca Drosophila nasuta Lamb 2014. Em cerca de uma
década de invasão, a espécie já ocupa 4,6 milhões de km2 no Brasil, cerca de 55% do país.
Drosophila nasuta apresenta um padrão ecológico diferente de outros drosofilídeos exóticos,
preferindo locais conservados, sendo a possível responsável por reduções na abundância de
drosofilídeos nativos após a sua invasão. Análises genéticas demonstraram diferenciação
populacional de D. nasuta nas áreas coletadas. A morfologia alar dos drosofilídeos pode ser
modificada por meio de diversos fatores, bióticos e abióticos. As asas apresentam vantagens
nos estudos de morfologia, por serem estruturas resistentes e 2D, e já foram usadas extensiva-
mente em estudos com drosofilídeos. O objetivo do trabalho foi observar se D. nasuta já apre-
senta diferenciação na morfologia alar nas áreas. Foram analisadas 240 asas direitas de ma-
chos de D. nasuta, coletados em oito localidades. Cada asa foi fotografada e digitalizada, pos-
teriormente sendo realizadas 11 medidas a partir de pontos de referência. Foram realizadas
Análises de Variância (ANOVA) e um teste de Tukey a posteriori para se observar se as áreas
diferiram de forma estatisticamente significativa. As áreas que não diferiram significativa-
mente foram posteriormente agrupadas e foi realizada uma análise discriminante linear. Além
disso, foi realizado um teste de Correlação de Pearson com fatores abióticos: temperatura mí-
nima, máxima, e pluviosidade. As análises formaram dois grupos, um com asas maiores (Ca-
atinga, Cerrado e Floresta Atlântica Sul) e outro com asas menores (Amazônia e Floresta
Atlântica Norte). Uma explicação para esse resultado é que as asas maiores permitam uma
maior capacidade de sobrevivência em ambientes frios. Os resultados demonstraram que D.
nasuta apresenta diferenças na morfologia alar nos diferentes locais coletados, indicando que
a espécie se encontra bem adaptada aos biomas brasileiros.