MORTALIDADE NÃO-PREDATÓRIA DA ASSEMBLÉIA DE COPÉPODES EM AMBIENTES INSULARES DO ATLÂNTICO TROPICAL SUDOESTE
Mortalidade não-predatória; Copépodes; Ambientes oligotróficos
As ilhas oceânicas brasileiras são consideradas verdadeiros oásis no oceano oligotrófico, destacando-se
pela presença de uma biomassa planctônica mais significativa em seus arredores. A biomassa e a
diversidade do plâncton, estreitamente vinculadas à disponibilidade de nutrientes, estão também
relacionadas a uma variedade de fatores físico-químicos e biológicos. Esses processos coletivamente são
associados ao chamado "efeito-ilha". A mortalidade do zooplâncton pode resultar de diversos fatores,
como predação, além da mortalidade não-predatória, decorrente do envelhecimento natural, doenças,
parasitas, escassez de alimento e estresse físico-químico no ambiente. O objetivo deste estudo foi obter
uma estimativa da percentagem de organismos na assembleia de copépodes, tanto vivos quanto mortos,
em condições in situ. Para isso, foram analisados três ambientes oligotróficos no Oceano Atlântico: Ilha
de Trindade e Martim Vaz (TRI), Arquipélago Fernando de Noronha (FN) e Arquipélago São Pedro e
São Paulo. As coletas abrangeram os anos de 2022 (maio a novembro) e 2023 (junho, setembro e
outubro), totalizando 128 amostras, sendo 59 fixas (análise quali-quantitativa) e 69 de vermelho neutro
(estudo de mortalidade), sempre realizadas durante o horário diurno (entre 09h e 12h). A coleta de
organismos zooplanctônicos foi realizada por filtração da água, utilizando redes com aberturas de malha
de 64 μm e 200 μm. Foram identificadas 44 espécies de copépodes, pertencentes a diversas famílias.
Destacam-se as espécies Calocalanuspavo e Oncaea venusta, ambas com uma frequência de 100%,
presentes em todos os ambientes, seguidas por Corycaeusspeciosus e Farranulagracilis, com 94,92%. Os
náuplios mais frequentes pertenciam às famílias Paracalanidae, Miraciidae, Oithonidae e Corycaeidae,
com valores de 79,66%, 62,77%, 64,41% e 50,85%, respectivamente. A média da taxa de mortalidade do
total de copépodes adultos no ano de 2022 foi de 0,40 d-1 (±0,67) e em 2023 foi 0,18d-1
(±0,19). Em
relação a porcentagem de carcaças houve diferenças entre a ilha de Trindade com ASPSP e Fernando de
Noronha, nos anos e na interação. No ano de 2022 considerando os ambientes estudados o percentual foi
de 61,09% (±28,43) e no ano de 2023 46,93% (±22,36). Este estudo representa a primeira abordagem
sobre a taxa de mortalidade não predatória de copépodes em ambientes oligotróficos do Oceano Atlântico
Sudoeste. Estudos semelhantes foram conduzidos em zonas costeiras e estuarinas, como os realizados por
Silva et al. (2020) e Da Cruz et al. (2023), respectivamente, mas nunca antes na região oceânica.