EFEITO DO AMBIENTE NA FISIOLOGIA DO ESTRESSE DE UM PRIMATA NEOTROPICAL (CALLITHRIX JACCHUS)
Temperatura, umidade, cortisol, ajustes
Sabe-se que, para garantir a sua sobrevivência, os animais precisam lidar com variáveis
abióticas e bióticas do ambiente sendo necessário, diversas vezes, realizar ajustes para
lidar com os desafios impostos. Esses ajustes podem ser comportamentais, ou ainda
fisiológicos, buscando manter a homeostase. Dentre os mecanismos internos que podem
ser citados, temos o cortisol, hormônio relacionado à fisiologia do estresse, sendo
importante especialmente nas situações imprevisíveis como o ataque de um predador,
ou uma tempestade. Além disso, o glicorticóide também é importante no dia a dia dos
animais, que o secretam constantemente em níveis basais, com variações ao longo do
dia e do ano, podendo essas mudanças estarem relacionadas com variáveis do ambiente.
Dentre elas, podem ser citadas: a temperatura, pluviosidade, cobertura vegetal e a
disponibilidade de recursos. Essas variáveis podem impactar a fisiologia de mamíferos
por aumentar o estresse térmico, dificultar a regulação da temperatura corporal e
diminuir a disponibilidade de água, afetando sua nutrição e sistema imune. Para aferir o
hormônio, alternativas não invasivas como a utilização de amostras fecais são
preferíveis. Dentre os vários grupos passíveis de serem estudados na temática do
estresse versus variáveis ambientais, os primatas merecem destaque. Trata-se de uma
ordem de grande importância ecológica, econômica e cultural, sendo usados como
bioindicadores devido à sua dependência do estrato arbóreo. Além disso, são
carismáticos, podendo facilmente servir como espécie bandeira de projetos de
conservação. Dessa forma, escolhemos Callithrix jacchus, um primata neotropical
endêmico do Nordeste brasileiro, que vive em ambientes muito distintos, a Mata
Atlântica e a Caatinga, com o fim de estudar o efeito de variáveis ambientais na
fisiologia do estresse de mamíferos, utilizando amostras de fezes para aferir o cortisol.
A partir dos dados obtidos, não identificamos correlações significativas entre as
variáveis e o cortisol fecal, tampouco observamos diferenças significativas entre os
ambientes. É provável que os ajustes comportamentais desses animais possibilitem que
eles vivam sem necessitar de modificações fisiológicas.