MICROPLASTIX: O PAPEL DAS ANGIOSPERMAS MARINHAS NA RETENÇÃO DE MICROPLÁSTICOS
Ecossistema estuarino, Halodule, Halophila, Microplástico, Neotropical, Conservação.
Microplásticos são partículas sintéticas que vem gerando grande preocupação em diferentes
ecossistemas marinhos no mundo. O papel dos prados de angiospermas marinhas na retenção
de microplásticos no sedimento, no entanto, é ainda pouco conhecido, sobretudo nos
trópicos. O objetivo desse estudo foi avaliar a retenção dos microplásticos (abundância e
características) no sedimento de um ecossistema estuarino tropical no nordeste do Brasil,
levando em consideração os habitats vegetados por pradarias multiespecíficas formadas
pelas espécies de pequeno porte Halophila baillonii, H. decipiens e Halodule wrightii. As
coletas de amostras foram realizadas nos períodos chuvoso (agosto de 2021) e seco
(fevereiro de 2022) sendo as partículas extraídas por densidade, seguida de digestão química
(NaOH) para caracterização visual no estereomicroscópio. Os microplásticos estiveram
presentes em 80% das amostras, totalizando 223 partículas (0.017 a 4.48 mm - 2.79 ± 2.76
partículas g-1
p.s). As fibras (73%), a cor azul (51%) e as partículas com tamanho menor que
0.1 mm (80%) foram as mais frequentes no estudo. Apesar da diferença entre a arquitetura
das espécies, não houve diferença na capacidade de retenção de microplásticos. Para este
primeiro levantamento, o efeito armadilha das angiospermas marinhas se mostrou sem
variação para abundância de partículas entre áreas, entre estas espécies e estações climáticas
observadas. Foi verificado que, apesar das observações terem sido realizadas dentro de Área
de Proteção Ambiental (APA Santa Cruz), o contínuo impacto antropogênico associado à
má gestão dos resíduos plásticos pode contribuir para esses resultados das concentrações e
abundância de microplásticos nos prados de espécies neotropicais, além das espécies serem
menores que as normais à biorregião.