MICROPLASTIX: O PAPEL DAS ANGIOSPERMAS MARINHAS NA RETENÇÃO DE MICROPLÁSTICOS
Angiospermas marinhas, Microplástico, Ecossistema estuarino, Neotropical, Conservação.
Os microplásticos são partículas sintéticas de grande preocupação para os diferentes
ecossistemas marinhos no mundo. Entretanto, a presença, a quantificação e o papel dos prados
de angiospermas marinhas na retenção de microplásticos no sedimento ainda é pouco
conhecido, sobretudo nas zonas neotropicais. O objetivo desse estudo, foi avaliar retenção dos
microplásticos (abundância e características) no sedimento de um ecossistema estuarino
tropical no nordeste do Brasil, levando em consideração os habitats vegetados por pradarias
mistas de diferentes espécies de angiospermas marinhas (Halophila baillonii, H. decipiens e
Halodule wrightii) e os habitats sem vegetação (área controle). As coletas de amostras foram
realizadas no período chuvoso (agosto de 2021) e no período seco (fevereiro de 2022). As
partículas foram extraídas pelos métodos de separação por densidade, seguido de digestão
química (NaOH) e caracterização visual das partículas no estereomicroscópio. Os
microplásticos foram presentes em 79% das amostras observadas, totalizando 217 partículas,
com uma amplitude de 50 a 700 partículas por kg de sedimento (peso seco). Áreas com a espécie
H. baillonii apresentaram a maior abundância de partículas, representando 29% do total. Fibras
foram o formato dominante de microplástico com 76%, a cor que mais esteve presente entre os
microplásticos foi azul (53%), o tamanho dominante dos microplásticos estava na faixa ≤ 0.100
mm, variando entre os tamanho mínimo de 0.017 e máximo de 4.48 mm. Para este primeiro
levantamento, o efeito armadilha das angiospermas marinhas mostrou sem variação para
abundância de partículas entre áreas observadas, foi evidenciada no leito de H. baillonii,
retenção de 26% do total das partículas encontradas, com fibra azul com tamanho médio de
0.59. Apesar das observações terem sido realizadas dentro de Área de Proteção Ambiental
(APA Santa Cruz), o contínuo impacto antropogênico associado à má gestão das praias deste
litoral pode contribuir para esses resultados parciais das concentrações e abundância de
microplásticos nos leitos de espécies neotropicais.