DO RESÍDUO A CRIAÇÃO: DESENVOLVIMENTO DE BIOMATERIAIS A PARTIR DE CASCAS DE MARACUJÁ (Passiflora edulis f. flavicarpa)
Resíduos Agroindustriais; Descarte ambiental; Biopolímeros; Bioplástico; Couro Vegetal
Investigações realizadas demonstram que a produção de maracujá é de aproximadamente 700 mil toneladas por ano em uma área de 46 mil hectares, representando 70% da produção mundial, o que confere o Brasil como maior produtor e consumidor mundial de maracujá (Passiflora edulis f. flavicarpa). Contudo, como maior consumidor do fruto, o impacto ambiental é inevitável gerando o descarte inadequado de resíduos do maracujá, em especial as cascas. Nesse contexto, estratégias biotecnológicas foram aplicadas, visando transformar os resíduos de cascas de maracujá no aproveitamento como matéria-prima destinada à criação e desenvolvimento de biopolímeros, como solução promissora e sustentável para mitigar a poluição ambiental. Neste sentido, os estudos iniciais foram dirigidos para bioplásticos foram desenvolvidos a partir de cascas de maracujá amarelo (Passiflora edulis f. flavicarpa ), associado a fécula de mandioca e glicerol, utilizando métodos de vazamento e evaporação para formação dos filmes. A caracterização físico-química do material produzido incluiu análises de solubilidade em água e diferentes solventes orgânicos, resistência mecânica à tração, alongamento e análise estrutural, utilizando espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier (FTIR) e microscopia eletrônica de varredura (MEV). As análises revelaram que a adição de fécula de mandioca desempenhou um papel fundamental para a melhoria da uniformidade e flexibilidade do bioplástico. Quanto ao processo de formulação, observou-se que apenas casca de maracujá e glicerol contribuem com maior resistência mecânica; observando-se através da Espectroscopia no Infravermelho por Transformada de Fourier-FTIR a formação de ligações intermoleculares entre os componentes do biocompósito, enquanto a análise por Microscopia Eletrônica de Varredura-MEV revelou uma superfície rugosa, apresentando pequenos poros. No teste de solubilidade, o bioplástico mostrou-se insolúvel em água e em solventes orgânicos, embora tenha absorvido bastante água, tornando-o o uso mais adequado em embalagens de produtos secos. As propriedades mecânicas confirmam o potencial de aplicação desses bioplásticos em substituição aos polímeros sintéticos, especialmente, em setores que exigem materiais de baixo custo e eliminando o impacto ambiental e permitindo a geração de Patente. Dando continuidade, aprimoramento são necessários para o fortalecimento do bioplástico e novas estratégias estão sendo empregadas com as cascas de maracujá para criação e desenvolvimento de couro vegetal em associação com o látex vegetal, demonstrando assim através da bioeconomia circular a possibilidade de aplicações diversas com o resíduo ambiental, além de promover a redução do impacto ambiental. Ressalta-se ainda, que as atividades desenvolvidas e em desenvolvimento atendem a Agenda 2030, promovendo um desenvolvimento sustentável, com foco em indústria, inovação e infraestrutura (ODS 9), cidades e comunidades sustentáveis (ODS 11) e consumo e produção responsáveis (ODS 12). Portanto, os avanços promissores apresentados destacam ainda, a previsão de se empregar subprodutos agrícolas no desenvolvimento de biomateriais inovadores e sustentáveis, consolidando alternativas viáveis para o mercado de embalagens, couro vegetal e outros setores industriais.