PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTE POR Stenotrophomonas maltophilia UCP 1601 UTILIZANDO SUBSTRATOS RENOVÁVEIS COMO ESTRATÉGIA PROMISSORA PARA APLICAÇÃO NA RECUPERAÇÃO DE SOLOS CONTAMINADOS POR AGROTÓXICOS.
Agricultura. Bioeconomia circular. Resíduos agroindustriais. Recuperação ambiental.
Tensoativo.
O crescimento populacional gerou uma demanda agrícola muito alta por insumos que, naturalmente, não acompanhava a demanda de alimentos, principalmente devido a pragas e plantas daninhas. Assim, os fertilizantes químicos vêm sendo utilizados desordenadamente, acarretando danos às lavouras, considerando que devido ao excesso 30 a 50% dessas substâncias são aplicadas no solo, causando destruição da estrutura do solo, poluindo as águas subterrâneas e os alimentos. Esses produtos são conhecidos como pesticidas, ou agroquímicos e apresentam elevada toxicidade. Os biossurfactantes são biomoléculas de elevado interesse tecnológico, cuja principal característica é a redução tensão superficial, que consiste na força de atração existente nas moléculas na superfície dos líquidos. Essa biomolécula possui característica anfipática, ou seja, tem caráter polar (hidrofílico) e apolar (hidrofóbico), o que permite a solubilização de fluidos com diferentes graus de polaridade (água/óleo). Essas habilidades garantem a aplicação dos biossurfactantes como agentes de biodegradação e recuperação ambiental, devido aos danos causados pelos pesticidas. Neste contexto, estudos foram realizados visando uma alternativa ambiental e economicamente sustentável, através de um biossurfcatante produzido por Stenotrophomonas maltophilia UCP 1601, com o objetivo de recuperação de solos impactados pelo uso de pesticidas. A biomolécula foi produzida em fermentação submersa, empregando diferentes substratos renováveis como fontes de carbono e nitrogênio, além do uso de duas ferramentas estatísticas o desenho experimental Plakket-Burman e planejamento fatorial completo 24), visando otimizar a produção do biossurfactante. Uma caracterização parcial foi realizada através da tensão superficial, índice de emulsificação, determinação da CMC, carga iônica e FITR (espectroscopia de infravermelho por transformada de Fourier). Além disso, o biossurfactante foi testado em diferentes condições de temperatura, pH e salinidade, a fim de avaliar a estabilidade da biomolécula. Os resultados obtidos foram muito promissores. A tensão superficial do biossurfactante produzido com milhocina e glicerol foi de 27 mN/m, rendimento de 12,6 g/L, e caráter aniônico. A concentração micelar crítica- CMC foi de 70%, utilizando o líquido metabólico livre de células. O biossurfactante foi capaz de emulsionar 56% do óleo de motor queimado. A biomolécula apresentou excelente estabilidade térmica, iônica e salina. Todas as determinações realizadas confirmam a geração de um novo bioproduto estável em condições extremas e eficiente, corroborando com o uso da bioeconomia circular no reaproveitamento dos resíduos agroindustriais. As etapas programadas na continuidade das pesquisas consistem em avaliar a toxicidade e fitotoxicidade do biossurfactante produzido; avaliar o potencial na
biodegradação do pesticida glifosato contaminante do solo e alimentos; avaliar o potencial do biossurfactante na fitoproteção da agricultura; avaliar a ação indutora na germinação de sementes pelo biossurfactante produzido, bem como estudar outras aplicabilidades relacionadas ao elevado potencial do biossurfactante, na geração de reserva de direitos autorais.