APLICAÇÃO DE BIOSSURFACTANTE NO TRATAMENTO DE AMBIENTES CONTAMINADOS POR PETRODERIVADOS, INIBIÇÃO DE CORROSÃO E FORMULAÇÃO DE DESENGRAXANTE ECOLÓGICO (BIOGRAXA)
derramamentos; óleos; biossurfactante; Starmerella bombicola; corrosão; desengraxante.
Os derramamentos de óleos que ocorrem durante abastecimentos de tanques são os principais causadores do acúmulo de petroderivados no meio ambiente. Dessa forma, a aplicação de agentes naturais contribui com ganhos econômicos para as indústrias e inovação para a ciência. Nesse sentido, as propriedades tensoativas do biossurfactante da levedura Starmerella bombicola ATCC 222214 foram investigadas, assim como sua estabilidade em diferentes níveis de pH, temperatura e concentrações de NaCl. A ecotoxicidade do tensoativo foi estudada para bioindicadores como Brassica oleracea, Solanum lycopersicum e Artemia salina, além disso, foi avaliada sua aplicação na remoção de poluentes ambientais em areia e água do mar, na inibição da corrosão metálica e na formulação de um biodesengraxante ecológico. O meio selecionado para produção do tensoativo foi formulado com 2,0% de farinha de batata inglesa, 5,0% de óleo de canola residual e 0,2% de uréia em meio mineral. As condições de cultivo selecionadas foram a velocidade de agitação de 200 rpm, tempo de fermentação de 180 horas e inóculo de 4,0%. O rendimento de produção de biossurfactante isolado foi de 7,714 g/L e a taxa de emulsificação do óleo pesado OCB1 e óleo de motor foi de 65,55% e 95,0%, respectivamente, indicando afinidade do surfactante microbiano pelos óleos. Os testes de estabilidade do surfactante microbiano demonstraram uma variação da tensão superficial de 27,14 a 31,08 mN/m para todas as condições testadas. A Concentração Micelar Crítica (CMC) foi de 2,0 g/L com uma tensão superficial nesse ponto de 33,26 mN/m. O biossurfactante é composto pelos ácidos 6,6-dimetoxi-octanóico e nonanedióico e é atóxico para os bioindicadores testados. Além disso, o tensoativo removeu 98,25% e 94,39% de contaminante hidrofóbico, respectivamente, em solo e água do mar, atuou satisfatoriamente como agente de biorremediação marinha e inibiu de forma eficaz a corrosão metálica, reduzindo a perda de massa dos corpos de prova em 17,38%. O biodesengraxante inovador foi formulado com o biossurfactante na metade da CMC, 10% de solvente natural, 1,5% de álcool graxo, 0,7% de goma estabilizante, 0,2% de conservante e água. Esse produto foi capaz de remover aproximadamente 99% de óleo pesado em diferentes superfícies, além de apresentar estabilidade em longo prazo, toxicidade reduziada, inibição de corrosão e eficiência superior a desengraxantes comerciais na limpeza de peças metálicas. O tensoativo em estudo vem demonstrando claramente o potencial para aplicação como aditivo biotecnológico para os processos de remediação ambiental e para manutenção da limpeza do ambiente industrial, garantindo eficiência e sustentabilidade na remoção de contaminantes hidrofóbicos, sugerindo ganhos econômicos para as indústrias de diferentes seguimentos no país.