TÊXTEIS SUSTENTÁVEIS: PROCESSOS BIOTECNOLÓGICOS UTILIZANDO CELULOSE BACTERIANA
moda; design; biotecnologia; embalagens; biocelulose; corantes naturais;
O alto consumo de têxteis e embalagens impulsionados pela globalização, gera excesso de compras e descartes, resultando em resíduos e poluição, principalmente de polímeros não biodegradáveis. O envolvimento de novos designers busca promover tendências conscientes. A celulose microbiana, obtida por fermentação bacteriana, emerge como alternativa sustentável, possibilitando a produção de embalagens e têxteis ecologicamente corretos, combatendo desafios ambientais ligados ao consumo excessivo. O estudo aborda o futuro dos têxteis, destacando o potencial da Celulose Bacteriana (CB) para couro vegano, tingidos naturalmente e resistente à água, e para embalagens sustentáveis reforçadas com Bagaço de Cana-de-açúcar (BCA). O processo de produção da CB utilizada de base nas pesquisas, envolve a fermentação de um meio de cultura a base de Camellia sinensis por uma cultura simbiótica de bactérias e leveduras (SCOBY). Para fabricação do biotêxtil, a CB foi utilizada para produção das superfícies e o tingimento envolveu o uso de corantes naturais à base de plantas extraídos da Allium cepa L., Punica granatum e Eucalyptus globulus L, além disso a impermeabilização foi feita com extratos de Melaleuca alternifolia e de Copernicia prunifera. Já no processo das embalagens sustentáveis compostas por CB e BCA, foi utilizado um método inovador de fragmentação e reconstituição que evita o desperdício da biomassa. Após a produção, as características dos materiais foram analisadas, para o biotêxtil os resultados confirmaram que o biomaterial possui alta resistência à tração (máximo: 247,21±16,52 N) e o ângulo de contato com a água foi de 83,96°, indicando uma baixa interação da água com o material. Já para as embalagens, especialmente o composto 0,7 CB/0,3 BCA, apresentaram considerável resistência à tração, atingindo 46,22 MPa, quase três vezes superior à do BCA puro (17,43 MPa), além de possuir excelente flexibilidade. A superfície também foi examinada por microscopia eletrônica de varredura, revelando fibras com 83,18 nm de diâmetro (CB), com maior aderência após o processo de reconstituição e, consequentemente, maior resistência ao rasgo em comparação com o BCA em sua forma pura. Os resultados do presente estudo demonstram o potencial da CB para o desenvolvimento de novos produtos de moda duráveis, veganos e resistentes à água, além de embalagens sustentáveis comprovando a sua versatilidade e importância para o mercado.