PRODUÇÃO DE BIOSSURFACTANTES PARA A REMEDIAÇÃO DE COMPARTIMENTOS AMBIENTAIS COSTEIROS IMPACTADOS POR PETRODERIVADOS
biossurfactantes; bioemulsificantes; biotecnologia; contaminação ambiental; petróleo.
O vazamento de petróleo nos oceanos provoca danos irreparáveis à vida marinha e prejudica a população litorânea das áreas atingidas. Por isso, é fundamental o desenvolvimento de estratégias de tratamento do óleo derramado. Atualmente, alguns dispersantes químicos têm sido usados nos derrames de petróleo, embora o uso desses agentes esteja cada vez mais restrito em função de seu potencial tóxico. Nesse sentido, o presente estudo propôs a produção, caracterização e a aplicação de biossurfactantes como coadjuvantes dos processos de contaminação por petróleo que impacta os ambientes costeiros. A produção da biomolécula foi testada em 10 meios diversos, sendo selecionado o meio 4 contendo 1,2% de óleo de canola, 10% de açúcar comercial, 0,5% de milhocina, 0,1% de K2HPO4, 0,4% de (NH4)2SO4 e 0,05% de Mg2SO4.7H2O para a continuidade dos testes devido aos resultados destacados para capacidade de redução da tensão superficial de 72 para 32,762 ± 0,289 mN/m, rendimento de 23 g/L após isolamento com solventes orgânicos e capacidade emulsificante de óleo de motor residual de 96,25 ± 0,080%. A concentração micelar crítica (CMC) do biossurfactante produzido no meio 4 foi de 600 mg/L. Foi avaliada o comportamento do biossurfactante frente a condições extremas de temperatura, salinidade e pH para os parâmetros de tensão superficial e capacidade emulsificante, onde o biossurfactante apresentou estabilidade sem perda significativa das suas propriedades. O biossurfactante foi classificado como um possível soforolipídio a partir de análises para determinação da carga iônica, cromatografia em camada delgada (TLC), infravermelho (FT-IR) e ressonância magnética nuclear (RMN). Para avaliar a aplicação do biossurfactante em processos ambientais, foi avaliada a sua toxicidade frente ao microcrustáceo Artemia salina e sua aplicação em ensaios contendo areia através de ensaios cinético e estático e em água do mar. O biossurfactante mostrou-se eficiente e biocompatível para biorremediação de derivado de petróleo, apresentando índices de remoção do composto hidrofóbico de 97,8% e 69,2% para os processos de remediação em areia através de ensaio cinético e estático, respectivamente. Além disso, o biossurfactante foi capaz de degradar 91,5% do contaminante no ensaio em água do mar.