Produção e caracterização de biossurfactantes isolados de Issatchenkia orientalis UCP 1603 e Enterobacter clocae UCP 1597 com potencial de aplicação na agricultura.
Substratos renováveis; Tensoativos; Bioconversão; Germinação de sementes.
Os biossurfactantes são compostos de superfície ativa, produzidos por via microbiana e utilizam substratos renováveis, reduzindo a tensão superficial e interfacial, oferecendo várias vantagens sobre os surfactantes sintéticos, como baixa toxicidade e alta biodegradabilidade, e permanecem ativos em pH, temperatura e salinidade extremas. Neste sentido, investigações foram realizadas com a levedura c Issatchenkia orientalis UCP 1603 na bioconversão de resíduos renováveis (óleo de soja pós-fritura, manipueira e milhocina) na produção de biossurfactante aplicando um Planejamento Fatorial Completo 2 3 , 10% de inóculo, incubado a temperatura de 28°C, sob agitação orbital de 150rpm, por 72h. Os resultados demonstraram que o ensaio 4 (3,5% de milhocina, 6,5% de óleo de soja residual e 3,5% de manipueira), apresentou a maior redução de tensão superficial (29,9mN/m). A partir da condição selecionada estudos foram realizados com o cultivo de I. orientalis UCP 1603 em frascos de Fernbach contendo (2 L) do meio de produção e 10% de inóculo, incubado a 28°C, 150 rpm por 72 h. A fermentação apresentou um rendimento de 4,0242 de biossurfactante recuperado por precipitação do líquido metabólico livre de células com etanol a 70% (2:1 v/v). O biossurfactante isolado apresentou tensão superficial de 28,7 mN/mm), concentração micelar crítica-CMC de 800 mg/L, natureza polipeptídica, caráter aniônico, elevada estabilidade em condições extremas (pH 4-10, salinidade 5-25% e temperatura de 5-100°C) e ausência de toxicidade para sementes de repolho (Brassica oleracea) e alface (Lactuca sativa). Outros estudos realizados com o biossurfactante isolado de I. orientalis UCP 1603 na concentração de 10mg/200mL demonstraram o seu efeito na indução da germinação de sementes de jucá (Libidibia ferrea), planta nativa do Brasil, bem adaptada ao semiárido que apresenta dificuldades no processo de germinação. O biossurfactante induziu a quebra de dormência com germinação das sementes de jucá em 10 dias, influenciando ao aumento da raiz e do hipocótilo, demonstrando elevado potencial biotecnológico para a agricultura. Esses resultados constituem uma reserva de direitos autorais. E ainda, a fermentação submersa com a bactéria Enterobacter clocae UCP 1597 utilizando o substrato alternativo óleo de soja pós-fritura em base salina, reduziu a tensão superficial para 30,5 mN/m, interfacial 2,3 mN/m, rendimento do biossurfactante extraído com acetato de etila foi de 1,3g/L e CMC do líquido metabólico de 70%. O biossurfactante não apresentou toxicidade para sementes de repolho (Brassica oleracea). A estabilidade na faixa de pH 4-10 e valores extremos de temperatura e salinidade, demostrado um caráter iônico, halotolerante e termoestável. As investigações realizadas demonstraram o elevado potencial biotecnológico de Issatchenkia orientalis UCP 1603 e de Enterobacter clocae UCP 1597, respectivamente, com resultados promissores e inovadores que contribuem para o futuro da agrobiotecnologia, além de demonstrar a necessidade de uso da bioeconomia circular na conversão de resíduos agroindustriais.