AVALIAÇÃO DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL DA COSTA DE PERNAMBUCO APÓS OS DERRAMAMENTOS DE PETRÓLEO EM 2019
Hidrocarbonetos, derramamento de petróleo, contaminação, aguá do mar, sedimento.
Em agosto de 2019 ocorreu o maior desastre ambiental envolvendo derramamento de material petrolífero no Brasil. Esse material contaminou grande parte do litoral nordestino, incluindo o estado de Pernambuco, o que desencadeou a importância imediata de avaliar o nível de contaminação e o impacto ao meio ambiente por compostos das classes dos hidrocarbonetos alifáticos (HAs) e policíclicos aromáticos (HPAs), alguns considerados compostos tóxicos, com potencial carcinogênico, mutagênico e teratogênico. O presente estudo objetivou realizar a caracterização química de 50 amostras de águas do mar e sedimentos marinhos coletados em períodos sazonais (verão e inverno) no litoral do estado de Pernambuco no ano de 2021, visando realizar a identificação e quantificação de HAs e HPAs, para avaliar o nível de contaminação do sistema aquático litorâneo de Pernambuco após os derramamentos de petróleo de 2019, utilizando as técnicas analíticas de espectroscopia de fluorescência e cromatografia gasosa-espectrometria de massas. Além disso, foram realizada as medidas de análises clássicas (granulometria, matéria orgânica e análise elementar) e parâmetros físico-químicos (pH, temperatura, oxigênio dissolvido, condutividade e salinidade) das amostras coletadas. Para as amostras de água do mar, os resultados dos parâmetros físico-químicos demonstraram uma influência sazonal, diferenciando as amostras coletadas no período do verão daquelas do inverno. Ainda, foi possível a identificação e quantificação de 17 HPAs, dos quais o naftaleno foi o predominante, enquanto que, as razões diagnósticas puderam classificar a contaminação de algumas amostras de águas do mar por fontes petrogênicas e pirogênicas, com classificação entre micropoluídas e levemente poluídas. Como destaque, os resultados de quociente de risco (RQMPCs) demonstraram que a amostra P20 (verão), localizado em Barra de Sirinhaém-PE, apresentou alto risco ambiental e os dados de ecotoxicidade demonstraram três amostras (P08 e P20 – verão e P11 – inverno, localizadas em Boa Viagem, Barra de Sirinhaém e Paiva, respectivamente) classificadas como tóxicas, corroborando com o que foi obtido na aplicação da análise de componentes principais (PCA). Para as amostras de sedimentos, os resultados obtidos dos parâmetros físico-químicos demonstraram que todas as amostras apresentaram matéria orgânica característica de plantas superiores e algas, além de uma predominância de frações arenosas. A validação do método por extração sólido-líquido e análise por GC-MS permitiu a quantificação de HAs na faixa de C11 a C36, que através das razões diagnósticas, indicou fontes de contaminação petrogênica em algumas amostras. Ainda, foi possível a identificação e quantificação de 15 HPAs, que através das concentrações absolutas e razões diagnósticas puderam classificar o nível de contaminação das amostras de sedimentos em um grau de baixa a alta, indicando fontes petrogênicas e pirogênicas na MO sedimentar estudada. Por fim, os resultados de RQMPCs apontaram alguns sedimentos com alto risco ambiental, que foram confirmados pelo ensaio de ecotoxicidade, que demonstraram cinco amostras com efetos letais e dezoito com efeitos subletais. Assim, foi possível inferir que algumas regiões do sistema aquático litorâneo de Pernambuco apresentou um nível de contaminação relevante para alguns dos compostos estudados, com possível contaminação proveniente do derramamento de 2019, sendo este o primeiro estudo que avaliou os níveis de contaminação ambiental simultaneamente em águas do mar e sedimentos. Com isso, espera-se que os resultados obtidos possam auxiliar órgãos responsáveis pela preservação e recuperação do litoral do estado, incentivando a continuidade dos estudos nas regiões afetadas, tendo em vista ainda, que houve um novo evento de derramamento de material petrolífero no ano de 2022.