Elaboração e avaliação da farinha de Moringa oleifera : Estudo do armazenamento, fortificação alimentar e impactos na saúde materna e da prole de ratos Wistar
Moringa; secagem; gestação e lactação; suplementação; desempenho nutricional.
A Moringa oleifera Lam. (M. oleifera ) é uma planta originária do noroeste da Ásia que tem ganhado notoriedade devido a sua riqueza nutricional e versatilidade de aplicações, observadas especialmente nas folhas dessa planta. No entanto, apesar disso, ainda há escassez de estudos voltados para a elaboração de produtos alimentícios e seu potencial impacto na segurança alimentar. Diante desse cenário, o presente estudo tem como objetivo elaborar e analisar os parâmetros de qualidade da farinha de folha de M. oleifera obtida via forno de micro-ondas (FMO), verificar sua estabilidade em diferentes condições de armazenamento, desenvolver um produto alimentício fortificado e avaliar os efeitos do consumo da farinha durante a gestação e lactação em modelo animal. Inicialmente, foi realizada uma revisão da literatura avaliando as características botânicas, químicas e nutricionais das folhas da M. oleifera e seu cenário econômico nos últimos 10 anos (2014 - 2024), por meio de pesquisa nos bancos de pesquisa Web of Science, Scopus, Scielo, ACS publications e Pubmed. Experimentalmente, foi realizada a elaboração de um produto farináceo das folhas a partir da secagem em FMO e estufa, sendo avaliados os parâmetros físico-químicos (umidade, pH, cinzas, atividade de água, proteína, fibra bruta, lipídios) dos produtos obtidos. A cinética de secagem foi realizada em três condições distintas em FMO (50, 70 e 100%) e em estufa de ar forçado (50, 60 e 70°C) com uso de 10 modelos matemáticos. Posteriormente, foi realizado o estudo do armazenamento da farinha de folha obtida em FMO, acondicionando em recipientes laminados metalizados zipados próprios para armazenamento em estufa BOD com temperaturas fixas de 20, 30 e 40ºC, respectivamente, analisando-se as características físico-químicas e colorimétricas do produto nos períodos de 0, 30, 60 e 90 dias. O pão de queijo fortificado foi obtido a partir do acréscimo de 1, 1,5 e 2% de farinha de folha de moringa na massa convencional de pão de queijo, sendo preparado em forno elétrico na temperatura de 180°C por 40 min e analisado nutricionalmente. Para o estudo dos efeitos do consumo da M. oleifera, foram avaliados os efeitos da farinha de folha e de semente em 27 ratos Wistar e 39 filhotes, divididos em três grupos (controle, folha e semente), recebendo as mães a suplementação diária dos produtos farináceos via gavagem na concentração de 100 mg/kg do animal, seguindo a diluição 1 g/10 mL. Foram analisados o ganho de peso e consumo de ração materno, parâmetros bioquímicos maternos, parâmetros neonatais, desenvolvimento físico, desenvolvimento dos sentidos, testes de memória e ansiedade da prole. Os resultados evidenciaram que a folha da M. oleifera é tida como a parte mais nutritiva da planta devido à combinação rara de nutrientes (proteínas, fibras, minerais, vitaminas) e compostos bioativos com inúmeros benefícios para a saúde. A farinha da folha de moringa é tida como o produto de maior importância dos produtos vendidos dessa planta, correspondendo a cerca de 30% do total de vendas, com projeções de crescimento nos próximos anos. Na elaboração dos produtos, constatou-se que as maiores temperaturas e potências utilizadas apresentaram melhores resultados, alcançando-se uma umidade de 5,44% em 300 min na estufa de circulação de ar e 5,38% de umidade em 4 min e 30 s em forno de micro-ondas, ambos os produtos farináceos apresentando uma elevada concentração de nutrientes. No estudo do armazenamento, verificou-se que a apresentou boa estabilidade em todas as condições de armazenamento, mas a temperatura de 30°C foi a melhor condição de armazenamento, resultando em menor perda de nutrientes, menor umidade e coloração mais estável. Os resultados da fortificação do pão de queijo foram eficientes para reduzir a umidade do produto e aumentar significativamente o valor nutricional, com um aumento de até 10 vezes nos valores de proteínas e fibras do produto suplementado, mantendo as características físicas do produto. A administração dos produtos farináceos utilizados na suplementação de ratas gestantes durante a gestação e lactação trouxe resultados satisfatórios para as ratas gestantes e para a prole. Foi observado um ganho de peso e maior saciedade nos grupos maternos suplementados, melhora de todos os parâmetros bioquímicos maternos, ausência de abortos e/ou mutações ou modificação dos parâmetros neonatais. Os filhotes dos grupos suplementados tiveram antecipação do desenvolvimento dos sentidos em comparação ao grupo controle, maior desenvolvimento corpóreo, melhor desenvolvimento cognitivo da memória e redução da ansiedade em todos os testes realizados.