PEDAGOGIA DECOLONIAL NO ENSINO DE HISTÓRIA: UMA ANÁLISE DAS MASCULINIDADES DE HOMENS NEGROS NOS LIVROS DIDÁTICOS
Ensino de História, Masculinidades, Homens Negros.
Esta pesquisa nasce das experiências desenvolvidas entre 2018 e 2022 no Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID) e na Residência Pedagógica da Universidade de Pernambuco (UPE), Campus Mata Norte. A análise parte da constatação de que os livros didáticos continuam sendo, em muitos casos, a principal fonte de contato com a disciplina de História. Entretanto, como destaca Bittencourt (2004), esses materiais frequentemente seguem uma lógica de mercado e reforçam uma perspectiva colonial. Homens negros, quando aparecem, são geralmente representados de maneira estereotipada como agressivos, hiperssexualizados ou subalternos, contribuindo para a manutenção de uma estrutura racista e excludente no campo educacional. A proposta desta pesquisa é tensionar tais representações por meio de uma pedagogia decolonial, inspirada nos aportes teóricos de Aníbal Quijano (2009), María Lugones (2008), Catherine Walsh (2019), Nilma Lino Gomes (2018), Vera Maria Candau (2020), Nelson Maldonado-Torres (2007) e Veruschka de Sales Azevedo (2020). A decolonialidade, nesse contexto, permite repensar o lugar dos sujeitos racializados na produção do conhecimento histórico e propõe a valorização de saberes silenciados pela colonialidade. A pesquisa também se fundamenta nos estudos sobre masculinidades negras, dialogando com autores como Deivison Faustino Mendes (2017), Rafael Ferraz Baptista (2020), Allan Augusto Moraes (2019) e Mônica Conrado (2021), a fim de compreender como essas masculinidades são construídas, omitidas ou distorcidas no material didático. A proposta não é apenas inserir os sujeitos no conteúdo escolar, mas evidenciar sua centralidade histórica e as formas diversas de existência, resistência e agência, com foco na representação de suas masculinidades ao longo da história do Brasil. O livro analisado foi o de Alfredo Boulos Júnior, da Editora FTD, intitulado História: Sociedade e Cidadania, 8º ano, inserido no PNLD 2024 e utilizado na Escola Municipal Iracir Rodovalho, localizada no bairro do Curado II, em Jaboatão dos Guararapes. Por fim, o trabalho reforça a necessidade de aplicação efetiva das Leis 10.639/03 e 11.645/08, que tornam obrigatórios o ensino da história e cultura afro-brasileira, africana e indígena nas escolas.