"A QUESTÃO DO OUTRO” NA AMÉRICA PORTUGUESA: EXPERIÊNCIAS COMPARTILHADAS E MEDIAÇÕES CULTURAIS NO CONTEXTO DE CATEQUESE NA CAPITANIA DE PERNAMBUCO (1549-1580)
Palavras-chave: História da Companhia de Jesus, História Indígenas, Missões e Aldeamentos jesuíticos.
Este trabalho analisa as estratégias de catequese utilizadas pelos jesuítas na conversão de indígenas na Capitania de Pernambuco entre 1549 e 1580, buscando entender as mediações culturais e a construção da alteridade. Os aldeamentos, tema central da pesquisa, são abordados como espaços de experiências compartilhadas, reconhecendo a complexidade das relações entre indígenas e missionários, detentores de interesses e agências próprias. No primeiro capítulo, a pesquisa se debruça sobre a atuação jesuítica na América Portuguesa, desde a retomada do interesse português no Brasil por Dom João III e a instituição do Governo Geral, com a chegada de Tomé de Sousa, que enfatiza a conversão dos indígenas como objetivo principal da colonização, designando a Companhia de Jesus como principal agente. Nas primeiras décadas da missão, com os problemas enfrentados por Nóbrega e os demais missionários, surge a necessidade de adaptação das práticas evangelizadoras dos jesuítas. Esse contexto levou ao aprendizado da língua tupi, ao uso da música e do teatro, e à cura como formas de estabelecer uma maior influência perante os nativos. A reforma missionária de Nóbrega, impulsionada pelos insucessos iniciais, exemplificadas no caso de Pernambuco, propôs a sedentarização da catequese em aldeamentos, agrupando indígenas de diferentes etnias. O trabalho discute a disputa entre Nóbrega e Quirício Caxa sobre a escravidão voluntária, revelando a complexidade das leis e dos interesses em jogo, tanto dos jesuítas em assegurar o sucesso de sua missão quanto no controle da mão de obra indígena. O segundo capítulo se dedica a uma análise aprofundada da atuação jesuítica nas missões da Capitania de Pernambuco, cobrindo o período de 1550 a 1580. Para isso, utiliza-se das cartas jesuíticas como principal fonte documental, explorando-as não apenas como registros históricos, mas também como "eventos" que expressam as práticas discursivas e a própria consolidação da Companhia de Jesus. Através dessas correspondências, o capítulo busca decifrar as estratégias de conversão empregadas pelos missionários, identificando as figuras proeminentes e as nuances do processo catequético na região.