Cidadania em Disputa: Representações Romanas e Apropriações Gaulesas no Processo de Romanização
Romanização; Cidadania; Representação; Gália
Esta tese analisa as representações romanas sobre a concessão de cidadania às populações gaulesas, destacando seu uso como instrumento político de controle social e integração cultural no contexto da expansão. A pesquisa parte de uma abordagem teórico-metodológica fundamentada na História Vista de Baixo e nos estudos pós-coloniais, com ênfase na agência dos grupos subalternos, especialmente os povos celtas da Gália, no processo de ressignificação da cidadania romana. Busca-se compreender de que forma os gauleses não foram apenas objetos passivos da política romana, mas atuaram de modo ativo nas negociações e apropriações da cidadania como meio de inserção e mobilidade dentro da ordem romana. A cidadania, nesse sentido, é tratada não como uma concessão unilateral, mas como o resultado de interações complexas e disputas simbólicas envolvendo interesses políticos, militares e identitários. Para tanto, a análise incide sobre três obras clássicas centrais: De Bello Gallico, de Júlio César, que constrói a imagem dos gauleses e justifica a conquista pela superioridade romana; De Re Publica, de Cícero, que trata dos ideais políticos e jurídicos da república romana; e Ab Urbe Condita, de Tito Lívio, que oferece uma narrativa sobre a fundação e os valores da cidadania e da identidade romana.