“Os homens dispõem, mas Deus determina”: o providencialismo nas obras vierenses e a divinização da guerra de expulsão dos holandeses
Palavras-chave: Ocupação holandesa; Obras vierenses; Providencialismo; Divinizar;
Representar.
A ocupação holandesa no Nordeste açucareiro durante a primeira metade do século XVII,
além remodelar a conjuntura política e econômica, foi também um ponto-chave para
produção de narrativas históricas, nas quais indivíduos em ascensão e de origem subalterna
são elencados como protagonistas dos grandes eventos históricos. Em algumas dessas
narrativas, o providencialismo é um elemento fundamental, pois, como um prisma de
interpretação que concebe Deus como principal agente interventor dos acontecimentos
históricos, foi utilizado como estratégia narrativa para objetivos políticos imediatos. Nesta
pesquisa, teremos como objetivo de estudo o providencialismo presente nas obras que
chamaremos de vierenses, por terem sido provavelmente encomendadas por João Fernandes
Vieira, tendo como enfoque O Valeroso Lucideno (1648) de frei Manoel Calado e O
Castrioto Lusitano (1679) de frei Raphael de Jesus. Neste trabalho temos o fito de
compreender como o providencialismo foi utilizado por autores como estratégia narrativa
para divinizar o conflito de expulsão dos holandeses e representar esse grupo cioso por
nobilitar-se como herois de uma obra divina.