UMA IGREJA VIGILANTE: AS DISPUTAS POLÍTICAS E TEOLÓGICAS SOB O PRISMA DA IGREJA PRESBITERIANA FUNDAMENTALISTA DO BRASIL (1956 – 1997)
Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil; Presbiterianismo; Israel Furtado Gueiros; Comunismo; Ecumenismo.
Nas próximas páginas, o leitor encontrará uma pesquisa que analisou, por meio da História Cultural, as narrativas políticas e teológicas construídas em torno do Movimento Presbiteriano Fundamentalista no Brasil. Embora o fundamentalismo protestante tivesse uma forte ênfase na linguagem bíblica, ele não se limitou ao campo teológico. O movimento também se configurou no Brasil como um meio de preservação da ordem social e política, apoiando os grupos no poder após o golpe civil-militar de 1964 e adotando uma postura crítica em relação aos movimentos políticos de esquerda. Nesse contexto, foi possível observar como a ideologia anticomunista foi ressignificada e ampliada no imaginário do movimento, apoiada por discursos e concepções teológicas que serviram como ferramentas de acusação, vigilância e coesão institucional diante de uma “ameaça” externa, identificada com o comunismo. Acredita-se que essa reinterpretação do anticomunismo desempenhou um papel fundamental na construção da identidade e coesão do movimento presbiteriano fundamentalista no Brasil. O recorte temporal da pesquisa abrangeu o período de 1956, ano em que o Rev. Israel Furtado Gueiros foi destituído do cargo de ministro da Igreja Presbiteriana do Brasil e fundou a Igreja Presbiteriana Fundamentalista do Brasil, até 1997, quando ocorreu a reorganização do movimento, em meio a crises de liderança e à perda de patrimônio. O estudo foi baseado em diversas fontes, incluindo os periódicos A Defesa, Norte Evangélico e Diario de Pernambuco, além dos Livros de Atas do Conselho Local da Igreja Presbiteriana do Recife. Essas fontes revelaram como as representações sobre o comunismo, o modernismo teológico e o ecumenismo foram moldadas pela liderança da IPFB e como esses discursos circularam, gerando novos significados entre os membros da denominação. Este estudo evidencia a interseção entre religião e política no Brasil, e como a teologia pôde ser moldada para responder e influenciar as dinâmicas sociais e políticas.