‘“[...] Eu estou aqui para consolar – vos”: a relação das epidemias com a formação das aparições de Nossa Senhora das Graças em Pernambuco (1918 – 1936)
Epidemias, Aparições marianas, Nossa Senhora das Graças, Pesqueira.
A pesquisa busca compreender como essas crises epidemiológicas em Pernambuco, entre os anos de 1918 e 1936, influenciaram a construção das aparições de Nossa Senhora das Graças. Durante a transição do século XIX para o XX, várias doenças devastaram o mundo. Em Pernambuco, a febre amarela, a gripe “espanhola” e a febre tifoide se espalharam rapidamente, mergulhando a sociedade em caos, incerteza e gerando uma busca por segurança e respostas. Nesse contexto, as supostas aparições de Nossa Senhora das Graças em Pesqueira em 1936, presenciadas pelas meninas Maria da Luz Teixeira de Carvalho (1922–2013) e Maria da Conceição da Silva (1920–1999), ganharam destaque como uma resposta espiritual diante desses desafios. As práticas religiosas e a devoção mariana na região se tornaram uma forma coletiva de encontrar esperança em meio às crises. A formação e disseminação do culto estão intrinsecamente ligadas ao contexto social e às condições de vida da população, destacando a necessidade de uma abordagem sociocultural para compreender esses eventos. Para entender o papel das aparições de Nossa Senhora das Graças em Cimbres na década de 1930, é crucial considerar o contexto social e cultural da época. Analisando a repercussão da crise sanitária e a religiosidade da população pernambucana sob uma perspectiva cultural, é possível entender melhor como esses fatores contribuíram para a propagação da devoção mariana. Para isso, utilizamos o Jornal Pequeno, o Diário de Pernambuco, Diario da Manhã e A Província, explorando a influência de diversos fatores, desde as condições de vida até as epidemias. Assim, pudemos notar que diante dessa conjuntura, o apego à religiosidade se tornou um dos recursos centrais que a população recorreu para o fim das epidemias e das mazelas sociais que ocorriam na época.