A obra Recife Sangrento e suas quatro edições: política, brabos e literatura de crime (1937-1970)
Oscar Melo – Recife Sangrento – Literatura de Crime – História Cultural
A presente dissertação tem como objetivo analisar as quatro edições do livro Recife Sangrento de autoria do repórter criminal Oscar Felix de Melo, aparecidas entre 1937 e 1970. A obra de Oscar Melo integra uma tipologia bastante específica e largamente conhecida pelos historiadores e historiadoras como literatura de crime. Esse gênero se caracteriza como o próprio nome diz por dar importância à narrativa criminal, estabelecendo-se, muitas vezes, em supostos casos verídicos. Os dados encontrados sobre a vida do autor, embora não tão abundantes como se gostaria, foram suficientes para mostrar como o autor foi modificando consideravelmente sua obra desde a segunda edição (1938), passando pela terceira (1956), até a versão final e definitiva de 1970. Queremos dizer que tanto as vicissitudes de sua vida, como o avanço da idade e com ela o próprio distanciamento dos sucessos narrados, quanto às intensas transformações históricas ocorridas no Brasil em geral e, em Pernambuco, em particular, entre a primeira e a última edição, são perceptíveis nas escolhas temáticas e assuntos tratados, sobretudo em relação ao que se preservava ou se suprimia completamente, justamente, entre uma edição e outra. Se Melo não teve muitos leitores, ao menos parece ter tido muitos compradores, mas o que não parece restar dúvidas é o fato de sua obra ter contribuído no reforçamento de determinados imaginários sociais e políticos sobre o Recife de finais do século XIX e primeiras décadas do XX.