Povos de terreiro em rede: construção de uma episteme das religiões afro ameríndias na cidade de João Pessoa PB no século XXI
Reafricanização, povos de terreiro, arquivos informais, conteúdo digital
A tese, em construção, “Povos de terreiro em rede: construção de uma episteme das religiões afro ameríndias na cidade de João Pessoa PB no século XXI” tem como objetivo analisar como o processo de reafricanização é parte constituinte das identidades dos povos de terreiros, nas casas de axé de João Pessoa. O recorte temporal escolhido foram os anos 2000 aos 2024, período de ocupação das redes sociais das comunidades aqui escolhidas, articulando essas reformulações com os congressos e escritos dos anos 1980- 1990, assim como a ação das federações dos cultos africanos no estado da paraíba, que segundo a bibliografia sobre jurema (SALLES, 2010; SAMPAIO, 2016; FERREIRA, 2011), causaram diversas mudanças no culto da jurema sagrada. Aqui buscaremos continuidades, assim como rupturas nesses processos, que entendemos vivos e atuantes nos anos 2000, via redes sociais, e principalmente na produção acadêmica dos povos de terreiros sobre si. Para a consecussão desta pesquisa busquei levantar fontes virtuais, impressas, orais de forma que fosse possível acompanhar os processos de reafricanização na cidade de João Pessoa, e que nos permitisse responder às questões aqui colocadas: como as comunidades de terreiros tem se inscrito e circulado em meios digitais? Como ser “macumbeiro, candomblecista, juremeiro, ser de axé” no século XXI é atravessado pela circulação no digital? Como as comunidades de terreiro tem lidado com as transformações vividas em suas tradições? Como a lógica do segredo, prática basilar nos cultos afro ameríndios tem se inscrito em tempos em que tudo se confessa, tudo se expõem nas redes sociais, em busca de likes e monetização de conteúdo digital? As redes sociais dessas casas de axés e ou as de cada babalorixá ou iyalorixá serão lidas como arquivos informais (Auerbach, 2018), espaços que fazem circular anos de saberes, estudos populares e acadêmicos sobre as culturas, ética preta, saberes que constituem uma epistemologia de terreiro.