Esta dissertação analisa as relações de trabalho na Companhia de Tecidos Paulista (CTP), por meio das ações ajuizadas na Justiça do Trabalho, com ênfase nas relações constituídas entre operários(as) brasileiros(as) e funcionários estrangeiros do núcleo fabril entre os anos de 1939 a 1946. Analisaremos as reverberações do cenário internacional no âmbito nacional, com o estabelecimento da ditadura do Estado Novo (1937-1945) e a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial. O objetivo é compreender de que forma o avanço da guerra na Europa impactou nessas relações de trabalho no município do Paulista, conhecido por abrigar um grande número de estrangeiros, especialmente alemães. Decidimos, para a constituição da pesquisa, analisar os rastros documentais de três arquivos. O primeiro foi o de processos trabalhistas ajuizados na Comarca do Paulista, que fazem parte do acervo das extintas Juntas de Conciliação e Julgamento (JCJ) de Pernambuco, arquivadas no LAHM. Essa documentação foi fundamental para entender as condições de trabalho e de vida dos(as) operários(as) de Paulista, suas formas de reivindicação e organização, bem como sua relação com os funcionários alemães. Também analisamos a documentação da extinta Delegacia de Ordem Política e Social de Pernambuco (DOPS-PE), tanto os prontuários individuais dos funcionários alemães, quanto da própria CTP; que possibilitaram uma análise sobre a vida desses alemães, as ações do órgão da repressão para vigiar e posteriormente confinar muitos desses indivíduos na localidade de Chã de Estevão. Incluímos no escopo da pesquisa também alguns jornais em circulação no período. Esta, portanto, é uma pesquisa com o intuito de contribuir para os estudos que abordam os mundos do trabalho no Brasil, as experiências dos(as) trabalhadores(as) na Justiça do Trabalho, o impacto da Segunda Guerra Mundial aos trabalhadores e a História de Pernambuco.