Corpos, estéticas e subjetividades: moda e gênero na cidade do Recife (1960 a 1964)
Moda; Gênero; Recife; Discurso; Signos.
Tendo como cenário a cidade do Recife entre os anos de 1960 e 1964, a presente pesquisa objetiva analisar a relação entre a produção de sentido dos elementos de moda e a constituição da noção de sujeito generificado. Para tal, o trabalho foi dividido em três partes. A primeira estabelece um diálogo teórico que tenciona compreender a genealogia do signo enquanto um conjunto de elementos circunscritos a um saber situado, – temporal e especialmente – e que, portanto, baliza as maneiras de perceber e entender as realidades. Nesse sentido, questiona-se que, além das significações presentes na moda derivarem de um saber colonial, as epistemologias comumente utilizadas para compreender suas dinâmicas nas sociedades partem da mesma lente. Tendo como ponto de partida a fonte saussuriana da semiologia de Barthes (2012), tenciona-se extrapolar os limites da linguagem, apontando, a partir do diálogo entre Mignolo (2017), Fanon (2008) e Hall (2016), como, por vezes, a linguagem reafirma os/as sujeitos/as que deseja analisar. A segunda parte visa compreender a construção discursiva dos significados a partir do seu lócus de enunciação. A partir da análise de alguns periódicos do período, propõe-se perscrutar como se representam os sentidos do código de moda no primeiro quadriênio da década de 1960 na cidade do Recife. Este ponto se inscreve em um movimento de reivindicação da geopolítica acadêmica, questionando, através de debate historiográfico, o que se entende e registra como História da Moda brasileira, visto a centralidade de algumas regiões nesse fazer historiográfico. Compreendendo a configuração sociopolítica da cidade nesse período, e relacionando-os com seus acontecimentos da moda, podemos inferir a partir de que relações e em que malhas discursivas são forjados os/as sujeitos/as. Dessa forma, a terceira peça visa apontar como, sendo os signos da moda produtos da linguagem, podemos conceber que, ao passo que imprimem nos corpos a estética normativa, estabelecem um referencial que cria e reforça outridades à margem. Este debate é desenvolvido a partir da noção de sujeito e identidades em Butler (2021) e a perspectiva interseccional em Akotirene (2020), de modo a perceber determinados signos da moda enquanto aparatos moderno coloniais que reforçam o referencial normativo e invisibilizam outras formas de ser/sentir/viver.