Para equilibrar os huores e controlar os odores: higiene corporal e cultura material no Recife oitocentista.
Cultura material; Higiene corporal; Recife; Século XIX.
A higiene corporal no Brasil nem sempre foi uma prática cotidiana, recebendo atenção especial com o advento da medicina higienista surgida ao longo do século XIX. A partir da análise da Cultura Material relacionada às práticas de higiene corporal e cuidado com a aparência, recuperada em escavações realizadas no Sítio Arqueológico do Pilar, no Bairro do Recife, percebeu-se a associação entre os objetos que a compõe e o processo de adoção dessas práticas no cotidiano da cidade do Recife. Este trabalho buscou demonstrar a adoção de uma nova postura frente aos problemas de saúde pública, em especial aos corpos que adoeciam, na capital da então província de Pernambuco, em um contexto de “melhoramentos materiais” norteados pelos ideais de civilização e progresso em voga na Europa. Partindo de um levantamento bibliográfico sobre essa temática, da análise crono-estilística da Cultura Material selecionada para estudo e do cruzamento das informações obtidas na análise desses vestígios e provenientes de fontes históricas como relatos de viajantes, periódicos, leis e manuais de medicina, se observou a recorrência de vestígios associados a essas práticas no Sítio Arqueológico do Pilar. Os resultados nos possibilitaram lançar como hipótese ter ocorrido ao longo do século XIX, por parte de setores da sociedade recifense, a adoção de uma Cultura Material destinada ao asseio do corpo, vinculada à medicina hipocrática, como forma de adesão aos pressupostos estabelecidos por uma “ideologia da higiene” em vigor nesse período.