A semiótica do Cinema Negro brasileiro: estratégias e possibilidades metodológicas para o Ensino de História
Palavras-chave: Cinema Negro; Ensino de História; Metodologia; Prática Docente; Educação Antirracista.
Nos últimos anos, a natureza dos métodos e das abordagens em História e seu ensino se ampliaram cada vez mais. Nesse sentido, a tese faz uma análise conceitual da semiótica do Cinema Negro brasileiro e sua possível aplicabilidade no Ensino de História pelos docentes da Educação Básica. Com efeito, a pesquisa tem por objetivo criar mecanismos metodológicos no intuito de instrumentalizar o professor para o uso desse cinema em sala de aula, permitindo-o encontrar ao longo desse processo uma rica oportunidade de desenvolver temas relacionados à história africana, cultura afro-brasileira e educação antirracista. Por isso, a estratégia é abordar uma perspectiva interdisciplinar e complexa entre História, cinema, filosofia analítica (BEVIR, 2008), antropologia do cinema (CANEVACCI, 1984) e semiótica (AMONT, et al., 1995; BORDWELL e THOMPSON, 2013; CARDOSO, 1997; ECO, 1991; GARRONI, 1972; LOTMAN, 1978; METZ, 2010; PEIRCE, 1977; SANTAELLA e NÖTH, 1997; SORLIN, 1985; TURNER, 1997; VANOYE e GOLIOT-LÉTÉ, 1994) como uma saída importante para superar o isolamento de determinados campos do saber (BARROS, 2019). Entendendo que as fronteiras entre eles são móveis. Trata-se de ir além do cinema como uma forma de arte e experiência estética, levando o professor a problematizá-lo e dar-lhe significação, transformando-o numa potente ferramenta didática. Desse modo, apresentamos o potencial do multiculturalismo (CANEN, 2008; ADESKY, 1997; PINAR, 2009) para a discussão da diversidade e das identidades no Cinema Negro, uma vez que os corpos dos atores e das atrizes negras nos filmes carregam representações, simbologias e signos do passado e presente. Para tanto, utilizamos como objeto de análise histórica e semiótica os curtas-metragens Alma no Olho (BULBUL, 1973), Kbela (TAYNÁ, 2015) e Elekô (2015), produzido pelo Coletivo Mulheres de Pedra, buscando perceber como essas obras fílmicas podem atuar historicamente no Ensino de História e na formação docente. Esses curtas-metragens são importantes veículos de representatividade e referências negras para que professores e estudantes possam construir sentidos e significados diversos para as suas vidas práticas (RÜSEN, 2009). Portanto, os processos metodológicos desenvolvidos nesta tese contribuem para uma educação de combate ao racismo a partir de narrativas de cineastas negros e negras. Ao se apropriar dessas narrativas em diálogo com a semiótica e a História, o professor poderá criar estratégias e possibilidades para desconstruir e combater a naturalização de estereótipos raciais nas salas de aulas, abrindo novos horizontes em direção a uma educação antirracista, sempre aberta a incorporar novas reflexões e novos métodos.
Palavras-chave: Cinema Negro; Ensino de História; Metodologia; Prática Docente; Educação Antirracista.