Os africanos livres no Arsenal de Guerra de Pernambuco - 1850-1864
Africanos Livres; Cotidiano; Emancipação; Escravidão; Arsenal de Guerra.
Com pressões internas e externas e com intuito de fomentar o novo Estado Nacional, os parlamentares brasileiros promulgaram em 7 de novembro de 1831 a norma legal que alteraria o cenário escravista da primeira metade do século XIX, a Lei Feijó. Esta legislação, além de proibir o tráfico atlântico de escravizados, declarava livres todos africanos importados ilegalmente a partir daquela data. No entanto, em virtude de ser constantemente burlada contrabandeando, nos 20 primeiros anos, cerca de 800 mil pessoas, ficou conhecida como lei para inglês ver. Impossibilitados de fazer o reenvio desses sujeitos para costa da África, o Governo Regencial, de forma paliativa, determinou que todos os indivíduos trazidos de forma ilegal servissem em casa de particulares ou fossem destinadas as instituições públicas provinciais. Em Pernambuco, o Arsenal de Guerra foi uma das repartições que mais possuía esses sujeitos, sendo matriculados entre os anos de 1850 e 1864 em torno de 111 africanos e africanas. No nosso estudo, o estabelecimento da guerra, que tinha a função de produzir e depositar materiais militares, é o principal cenário de atuação desses serventes, onde além de realizarem serviços e serem tratados de forma semelhante aos escravizados, elaboravam diversas táticas articuladas tanto contra a opressão da instituição, como para obterem suas tão sonhadas emancipações.