DINÂMICAS DA MEDIAÇÃO: PADRE ALFREDO DÂMASO E O MOVIMENTO ORGANIZADO INDÍGENA A PARTIR DO RECONHECIMENTO ÉTNICO DOS FULNI-Ô EM PERNAMBUCO (1918-1954)
Mediação; reconhecimento étnico; indígenas; Fulni-ô.
Nesta tese propomos discutir as dinâmicas de mediação envolvendo os indígenas Carnijó-Funi-ô e o Padre Alfredo Pinto Dâmaso, entre 1918 e meados de 1950, a partir do processo de reconhecimento étnico oficial desse povo. A análise documental e de registros orais, reforçaram e ratificaram a nossa hipótese de que a relação entre indígenas e mediador contribuiu para a consolidação de um movimento indígena organizado constituído a partir de redes forjadas pelos indígenas, apoiadas nas promovidas pelo mediador. Esse argumento se apoia no desencadeamento de novos processos de reconhecimento étnico no Nordeste, envolvendo povos indígenas em Pernambuco, Alagoas e Bahia. Buscaremos evidenciar o protagonismo dos indígenas nesse processo, bem como as condições sociopolíticas que favoreceram o acesso ao Serviço de Proteção aos Índios e a construção do Posto Indígena Dantas Barreto, seguida da de outros postos indígenas nos citados estados. Destacaremos ainda a percepção do mediador sobre os processos narrados por ele em documentação colecionada, arquivada e, também, produzida por ele. Fundamentamos nossas discussões a partir das reflexões de autores como Edson Silva (2008), João Pacheco de Oliveira Filho (2016), Antonio Carlos de Souza Lima (1992), Mariana Albuquerque Dantas (2010), E.P. Thompson (2021), Michel de Certeau (2015), Pierre Nora (1993), Carlo Ginzburg (1989) e Giovane Levi (2000), dialogando com análises de fontes documentais e memórias orais.