“SCENAS DA ESCRAVIDÃO” EM ALAGOAS: Histórias cotidianas de resistência, liberdade, cidadania e racialização (1871-1927)
Escravidão, resistência, cotidiano, racialização
A presente pesquisa mostra-se relevante, sobretudo, por lançar luz sobre uma região ainda pouco
analisada pela historiografia, haja vista o foco nas províncias com maior número de escravizados
até o final do século XIX, sobretudo as do Sudeste. Buscamos aqui, enfatizar a dimensão histórica
do racismo estrutural e sua construção discursiva, que perpassava e ainda orienta nossas ações
cotidianas ao defendermos a tese de que o racismo estrutural no Brasil tem como base a escravidão.
Nas últimas décadas, vários trabalhos sobre o tema da escravidão foram publicados, desde análises
mais gerais até os estudos mais recentes que procuram analisar aspectos mais específicos com foco
no protagonismo escravo, o que não significa que as discussões foram esgotadas. Verifica-se ainda
muitas lacunas como o conhecimento mais detalhado de ações dos escravizados no enfrentamento
ao escravismo em regiões específicas e de pouca expressão escravista. É nesta tendência que esta
pesquisa se insere, e busca conhecer na região específica de Alagoas, as ações de negros e negras na
resistência à escravidão. Para isso utilizamos uma documentação variada e a escolha das fontes
documentais escritas é por entender que elas são de grande importância para historiografia da
escravidão em Alagoas. Assim, cruzar fontes diversas traz um ganho importante para o pesquisador,
pois como escreveu Marc Bloch: “Seria uma grande ilusão imaginar que cada problema histórico
corresponde um tipo único de documentos, específico para tal emprego” (BLOCH, 2001, p. 80). O
cruzamento dessas fontes assim como os “indícios” que elas guardam, nos indicaram caminhos para
pensar o cenário do pós-1888 e a permanência da ideia da “raça branca” como emancipadora e dos
negros como inferiorizados, despreparados para a liberdade e cidadania.