PARTICIPAÇÃO DOCENTE E PRODUÇÃO DO CURRÍCULO DE CIÊNCIAS DA NATUREZA DO ENSINO FUNDAMENTAL EM PERNAMBUCO PÓS-BNCC
Abordagem do ciclo de políticas; BNCC; Participação Docente; Políticas Curricula-res; Ensino de Ciências
Esta tese analisa a participação de professores(as) de Ciências da Natureza de Pernambuco no processo de construção do currículo do Ensino Fundamental, elaborado após a homologação da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). A questão de pesquisa que orientou o estudo foi: qual a influência da participação dos professores(as) na elaboração do texto de política curricular de Pernambuco do Ensino Fundamental na área de Ciências da Natureza que teve a BNCC como referência? O objetivo central foi compreender como se deu a participação docente e sua influência na produção do texto curricular, com ênfase nas dinâmicas de envolvimento, escuta e colaboração ao longo do processo. O estudo adotou a abordagem do ciclo de políticas (policy cycle approach) como referencial analítico para compreender a formulação de políticas curriculares em diferentes arenas de disputa e negociação. A pesquisa combinou análise documental de políticas curriculares nacionais e do currículo de Pernambuco com trabalho de campo por meio de entrevistas e questionários aplicados a professores(as) envolvidos e não envolvidos no processo de definição do texto curricular estadual. A partir da análise documental e da Análise Textual Discursiva (ATD) das respostas dos participantes, foram construídas cinco categorias analíticas: 1) participação docente na política curricular estadual; 2) etapas e procedimentos na elaboração do texto do currículo; 3) conflitos e consensos; 4) percepções sobre o currículo de ciências e a BNCC; e 5) desafios enfrentados na participação. Entre os não participantes, foram observadas quatro razões principais para a não participação: questões políticas internas da instituição; obstáculos estruturais; dificuldades metodológicas; e fatores pessoais. Os resultados indicam que, embora os(as) professores(as) tenham exercido influência na produção do currículo, sua participação foi limitada pelas diretrizes normativas da BNCC que tensionaram a escuta e o protagonismo docente. Conclui que é necessário ampliar o acesso e a democratização do processo de produção curricular, fortalecendo uma cultura política mais participativa, formativa e horizontal no contexto educacional.