O PROCESSO DE PREPARAÇÃO PARA UMA FEIRA DE CIÊNCIAS SOB A ÓTICA DE UMA COMUNIDADE DE PRÁTICA: reflexões e possibilidades para a formação de professores de Ciências na Educação Básica
Feiras de Ciências; Comunidade de Prática; Formação de Professores de Ciências; Escola.
As Feiras de Ciências são eventos educacionais enriquecedores para a formação científica dos estudantes. Além disso, desempenham um papel crucial na formação dos professores de Ciências, promovendo a integração de conhecimentos, o desenvolvimento profissional e a partilha de melhores práticas. Desta forma, o processo de preparação de uma Feira de Ciências num contexto escolar, pode se assemelhar ao funcionamento de uma Comunidade de Prática, que reconhecidamente são espaços sociais de aprendizagem. Este estudo teve como objetivo compreender, até que pontos, as práticas e as relações estabelecidas entre os professores de Ciências e os membros de uma comunidade escolar durante o processo formativo de preparação de uma Feira de Ciências, os aproximam de uma Comunidade de Prática. Para a realização da pesquisa de natureza qualitativa que se inseri como uma pesquisa-ação realizamos um percurso formativo de preparação para uma Feira de Ciências com membros de uma escola pública municipal do Jaboatão dos Guararapes - PE, dentre eles os 03 (três) professores de Ciências que foram nossos sujeitos de pesquisa. Como instrumentos para coleta de dados utilizamos o resgate das memórias afetivas desses professores sobre as Feiras de Ciências, o relato descritivo das reuniões realizadas, uma entrevista semi-estruturada e a análise dos documentos produzidos pelo grupo durante o processo. Os dados foram analisados à luz dos elementos da análise do discurso proposta por Bardin (2016). O conjunto de respostas encontradas nos permitiu identificar que os professores de Ciências são competentes em relação ao domínio Feira de Ciências, mas apenas 02 (dois) professores possuem interesse em comum. No que se refere à comunidade, a partir da negociação de três empreendimentos (Objetivo da Feira de Ciências a ser realizada; Participação na Feira de Ciências e Desenvolvimento da FC), vimos o envolvimento dos professores de Ciências, participando das ações e assumindo responsabilidades, à exceção de D2. Contudo, poucas foram as contribuições dos professores de Ciências para o grupo, considerando o conhecimento que possuem sobre as Feiras de Ciências. Vale ressaltar que D1 se destacou pelas suas contribuições importantes. E em relação às relações e conexões que estabelecem D1 é o docente com participação mais ativa nesse sentido. Em relação ao grupo como um todo, percebemos poucas interações, uma resistência à participação ativa de todos os membros e a dependência da gestão escolar para motivar o grupo. No tocante à aplicação dos conhecimentos construídos em práticas relevantes (práticas), os dados relatados pelos professores de Ciências revelam implicações significativas em suas práticas docentes, com um ponto de convergência os estudantes. Desse modo, consideramos que a tese defendida “que o processo de formação organizado para a preparação de uma Feira de Ciências numa escola pode funcionar como uma Comunidade de Prática e produzir mudanças na concepção dos professores de Ciências sobre as Feiras de Ciências” foi confirmada, apesar de algumas limitações. Para pesquisas futuras, recomendamos a realização de estudos mais aprofundados que tenham como foco as Feiras de Ciências, com ênfase nas complexidades do seu processo de preparação em contextos escolares, bem como, nas possibilidades das Comunidades de Prática como ambientes de formação para professores de Ciências.