ANÁLISE DOS MODOS DE PENSAR E FORMAS DE FALAR O CONCEITO ÁTOMO EM UM ESTUDO DE CASO HISTÓRICO SOBRE A QUEIMA DOS FOGOS DE ARTIFÍCIO
modos de pensar e formas de falar, conceito de átomo, estudo de caso histórico
A teoria dos perfis conceituais propõe que conceitos podem ser polissêmicos quando assumem significados e sentidos vinculados à contextos de uso do cotidiano, do ensino ou em comunidades de práticas. Articular saberes histórico e culturalmente construídos no planejamento de ensino e aprendizagem para a mudança de perfis conceituais e a tomada de consciência deles, é o foco da aprendizagem em ciências nessa teoria. Mediante isso, pensar e falar o conceito átomo sempre foi um elemento estruturante do ensino de química quando se estuda os materiais e fenômenos. As dificuldades apontadas na literatura sobre ele se revelam na memorização, no procedimento matemático e na descontextualização. Nesse entorno, buscou-se na metodologia de ensino de estudo de caso histórico do programa de pesquisa de Stinner articular aos modos de pensar e as formas de esse conceito proposto por Mortimer (2000), em quatro zonas do perfil conceitual de átomo. Assim, objetiva-se analisar a heterogeneidade do pensamento e da fala do conceito átomo em um estudo de caso histórico envolvendo a queima dos fogos de artifício. De método descritivo, abordagem qualitativa, organizou esse estudo por meio do delineamento teórico e empírico. Aquele através da revisão da literatura sobre a história e visões de estudantes do átomo a fim de delimitar os elementos estruturantes da matriz semântica do PCA. Depois, elaborou-se um estudo de caso histórico articulado as zonas desse perfil e se aplicou em formato remoto, com estudantes do ensino médio de instituições públicas diferentes, devido ao contexto da pandemia do Covid-19, entre os anos de 2020 e 2021. Os dados coletados foram oriundos e analisadas da literatura, do questionário diagnóstico respondido por 11 participantes e do recorto do ECH, referente ao episódio inicial e parte do episódio final, através das zonas do PCA. Os resultados apontaram para a emergência de novos modos de pensar e formas de falar o conceito átomo antes não observadas em outros estudos que usaram o PCA, a saber: animista, generalista, transição da clássica para a quântica, monista, pragmática do realismo interno, estética e da gramática funcionalista. Em suma, conclui-se que a matriz do PCA pode ampliar a heterogeneidade do pensamento e da fala desse conceito a partir do aprofundamento histórico, sobretudo, entre os séculos XIX e XX e da vivência do ECH no contexto de ensino envolvendo o fenômeno da queima dos fogos de artifício. Isso pode abrir caminhos para revisitar as zonas do PCA e refletir sobre as implicações desse estudo na formação inicial e continuada de professores química, no tocante à instrumentalização de processos de ensino e aprendizagem potencialmente enriquecedores da imaginação criativa, engajadores e argumentativas fundamentadas na investigação crítica e reflexiva a partir do uso de modelos teóricos em contextos de estudo sobre fenômenos.