PARÂMETROS DO SUJEITO NULO E DO OBJETO NULO NO ÂMBITO DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FRANCÊS LÍNGUA ESTRANGEIRA
Francês Língua Estrangeira. Linguística Gerativa. Sujeito Nulo. Objeto Nulo. Ensino-aprendizagem de Gramática.
Esta pesquisa está ancorada em duas áreas principais: a Linguística Gerativa e o ensino-aprendizagem do Francês como Língua Estrangeira (FLE). Ela parte da observação de que alguns compêndios gramaticais e materiais didáticos (como Gramáticas Pedagógicas e Livros Didáticos) não costumam abordar adequadamente alguns fenômenos da oralidade do francês, como os sujeitos nulos e os objetos nulos, cada vez mais recorrentes no francês contemporâneo. Como objetivo geral, busca-se investigar a manifestação de argumentos nulos (sujeitos nulos e objetos nulos) no âmbito do ensino-aprendizagem de FLE. Como objetivos específicos, busca-se (a) identificar como são descritos os parâmetros do Sujeito Nulo e do Objeto Nulo no francês contemporâneo, (b) verificar como o ensino desses fenômenos linguísticos tem sido realizado com base no Quadro Europeu Comum de Referência para as línguas (QECR) e seus reflexos em compêndios gramaticais e livros didáticos de FLE e (c) contribuir com a base empírica desses parâmetros com a coleta e análise quanti-qualitativa de um corpus composto de excertos de Livros Didáticos de FLE e Gramáticas Pedagógicas de francês, contendo estruturas frásicas compostas de sujeitos nulos e objetos nulos. Para tanto, esta pesquisa se serve de uma combinação da abordagem quantitativa e da abordagem qualitativa. Metodologicamente, as seguintes etapas foram adotadas: (a) a elaboração de critérios de seleção de dados, (b) a constituição de um corpus, (c) a análise de frequência dos fenômenos linguísticos estudados e (d) a comparação crítica dos resultados obtidos. Como resultados obtidos, observa-se que o francês não é uma língua típica de sujeitos nulos, mas é possível constatar a omissão fonética do pronome expletivo il, sobretudo em contextos orais. Leeman (2006) defende que a omissão fonética de sujeitos no francês é rara, mas que não há dúvidas de que o sujeito pode vir a ser omitido nesta língua e que, portanto, esse fenômeno deve ser descrito em gramáticas. Quanto ao Parâmetro do Objeto Nulo, observa-se com Cummins e Roberge (2005) que há cinco tipos distintos de objetos nulos no francês contemporâneo: (a) Objetos Nulos recuperados por clíticos, (b) Objetos Nulos sem clíticos visíveis, (c) Objetos Nulos genéricos ou estereotípicos, (d) Objetos Nulos contextuais e (e) Objetos Nulos dêiticos. O QECR, por sua vez, apresenta limitações metodológicas e uma falta de detalhamento na categorização do componente gramatical, inviabilizando um ensino-aprendizagem de língua estrangeira atento a fenômenos linguísticos emergentes. No que diz respeito à presença de Sujeitos Nulos nos LDs analisados, apesar de apresentarem estruturas frásicas compostas de sujeitos nulos, no livro Édito C1 – Méthode de Français (Les Éditions Didier, 2018) não há atividades nem explicações sobre esse fenômeno linguístico em nenhuma unidade didática; já no Défi C1 – Méthode de Français (Éditions Maison des Langues, 2021), um pequeno quadro explicativo reúne informações sobre registros informais, mencionando a omissão do pronome il, mas sem aprofundar o fenômeno. No que concerne à presença de Objetos Nulos nos LDs analisados, verifica-se que não há seções (nem atividades) dedicadas ao estudo da omissão de objetos em francês em nenhum dos livros didáticos analisados. Quanto à análise realizada em gramáticas pedagógicas, observa-se que elas falham em apresentar adequadamente a omissão fonética de sujeitos e objetos no francês.