OS GATILHOS MENTAIS COMO ESTRATÉGIAS DE ARGUMENTAÇÃO NO TRIBUNAL DO JÚRI
Gatilhos mentais; Persuasão; Tribunal do Júri; Argumentação; Tomada de decisão.
A pesquisa tem como objetivo principal investigar a possível influência dos gatilhos mentais na tomada de decisão dos jurados em três audiências de tribunal do júri. Especificamente, objetiva-se identificar e descrever os gatilhos mentais mais recorrentes sobretudo na fase de sustentação oral da audiência, assim como observar, com base no subprincípio da ordenação linear, se a escolha da disposição de determinadas informações na cadeia sintática pode ser utilizada como orientador argumentativo. Esse estudo apresenta tipologia de pesquisa bibliográfica, método qualitativo e raciocínio dedutivo decorrente de uma postura analítica dos dados. Partindo do pressuposto de que, segundo Lima (2006, p. 244), “a decisão do júri não é fruto apenas da informação, mas, sobretudo da persuasão”, tem-se o seguinte problema de pesquisa: De que modo os gatilhos mentais, enquanto recursos persuasivos, poderiam influenciar a tomada de decisão dos jurados em um júri popular? O corpus é constituído pela transcrição de excertos de três audiências de tribunal do júri – órgão do Poder Judiciário responsável por julgar crimes dolosos contra a vida, quando há intenção de matar – sendo uma delas acessada pelo documentário Elize Matsunaga: Era uma vez um crime. A pesquisa está inserida no âmbito teórico da Linguística Cognitiva e Funcional e fundamenta-se, principalmente, nos seguintes autores: Aristóteles (2011); Perelman e Olbrechts-Tyteca (2014); Cialdini (2009, 2021); Divino (2020); Damásio (2011); Givón (2021), Lima-Hernandes (2006) e Furtado da Cunha e Tavares (2016). Os resultados preliminares apontam para o fato de que os gatilhos mentais, especialmente o de compromisso e coerência e o da afeição, assim como a mudança na ordenação linear podem ser utilizados de forma eficiente como recursos para influenciar a tomada de decisão.