A REPRESENTAÇÃO LITERÁRIA DO CORPO ABJETO NO ROMANCE
O FILHO DE MIL HOMENS, DE VALTER HUGO MÃE
Abjeção. Corpo. Valter Hugo Mãe. Teoria Queer. Literatura.
Este trabalho tem como escopo estudar a representação literária da abjeção, bem como uma leitura crítica do romance O filho de mil homens (2016), de Valter Hugo Mãe, na pretensão de analisar temas relacionados ao corpo. Para tanto, alicerço-me à estética da abjeção, a partir dos pressupostos de Judith Butler (2016a; 2016b), Julia Kristeva (1980) e Márcio Seligman-Silva (2005; 2008), para compreender como a personagem de Antonino é desumanizada no texto literário de Mãe, o que ocasiona o questionamento da própria condição humana. Recorro, também, à estética da crueldade, embasado por Antonin Artaud (2006), Clément Rosset (2002) e Renato Gomes (2004), na perspectiva de entender como a crueldade expressa na prosa não é tão somente através do “sangue verdadeiro”. Analiso, ainda, os aspectos concernentes ao cronotopo – espacialidade e temporalidade – com base nos pressupostos teórico-críticos, principalmente, de Mikhail Bakhtin (1992, 1993), além de refletir sobre a consonância acerca da topoanálise, de Gaston Bachelard (1974), e do simbolismo, de Jean Chevalier & Alain Gheerbrant (1999), a respeito da abjeção e da inter-relação entre o cronotopo e o estatuto ficcional da prosa valteriana enquanto elementos basilares e fundamentais para a ‘sutura’ dos textos literário e teórico. Ao final do trabalho, elenco Richard Miskolci (2017) e Judith Butler (2016a) para compreender questões como sexualidade, ordem social e insubordinação através da teoria queer.