A IDENTIDADE MESTIZA ENRAIZADA NA FRONTEIRA EM ‘‘ROOTING’’ (THE SUN AND HER FLOWERS) DE RUPI KAUR E ‘‘TO LIVE IN THE BORDELANDS’’ DE GLORIA ANZALDÚA
Glória Anzaldúa; Rupi Kaur; identidade mestiza; encruzilhada.
A noção de identidade parece sempre acompanhar e desestabilizar a humanidade. Particularmente na modernidade líquida em que nos encontramos, a influência das tecnologias digitais de informação e comunicação (TDIC) tem contribuindo fortemente para o aumento de interesse sobre o termo e a sua flexibilização para novas discussões a seu respeito. Uma vez que identidade dialoga com diversas áreas do conhecimento, o termo se torna de difícil definição. No entanto, nos Estudos Culturais, teóricos como Stuart Hall (1992), Homi Bhabha (1994) e Zygmunt Bauman (2001), dentre outros, contribuíram para as novas reflexões quando, através da perspectiva da cultura, se propõem a estudar as transformações as quais as sociedades modernas tem sido submetidas, bem como o impacto que tais mudanças tem sobre a construção da identidade do sujeito moderno nesse contexto. Nesse contexto, a escritora chicana Gloria Anzaldúa auxilia no debate ao introduzir em seu famoso poema To Live in the Borderlands, a ideia da consciência mestiza e da fronteira como seu local de nascimento. Ao fazer isso, não apenas ela apoia as proposições de Hall, Bhabha e Bauman de que a modernidade líquida contribui para a emergência de identidades fragmentadas e híbridas, como também atribui grande relevância ao entrelugar na dimensão simbólica para a formação da nova consciência. De modo semelhante, em rooting, uma coletânea de poemas em the sun and her flowers (2017), a poeta indiana-canadense Rupi Kaur explora a expriência de uma identidade mestiza imigrante e seu sentimento de ser ‘‘ponte’’ entre a Índia e o Canadá. A temática comum compartilhada entre os dois textos nos conduz a realizar análise comparativa e perceber que embora haja diálogo entre os poemas devido ao tema e escolha do mesmo gênero textual, as fronteiras temporais, geográfica e linguísticas promovem certo distanciamento entre as autoras e as respectivas obras. Por fim, mesmo diante do simultâneo diálogo e da distância entre os textos, tanto Anzaldúa quanto Kaur contribuem para o avanço da discussão a respeito da identidade híbrida/mestiza que é formada na modernidade líquida e flexível.