“NOSSO BONDE É SINISTRO”: O BREGA-FUNK COMO REPRESENTAÇÃO DA DESIGUALDADE SOCIOECONÔMICA DO RECIFE
periferia; discurso; transitividade; Análise Crítica do Discurso; Linguística Sistêmico-Funcional.
A presente pesquisa procura investigar como se dá a relação entre a desigualdade socioeconômica da cidade do Recife e o discurso presente em canções de brega-funk. Para tanto, dados recentes sobre o tema envolvendo a capital pernambucana foram levantados e debatidos, sobretudo a partir das contribuições de Soares (2021). Também foram realizadas uma contextualização histórica da fundação da cidade e do estabelecimento de sua atual configuração centro-periferia. Tendo como base os estudos de Orlandi (2004; 2017), o brega-funk foi apresentado como um fenômeno que reflete e produz conflitos entre as classes socioeconômicas recifenses e como uma prática que estabelece uma intrínseca equivalência entre a periferia e os/as periféricos/as da cidade. O corpus é composto por cinco canções de diferentes autorias que possuem mais de um milhão de visualizações na plataforma de vídeos YouTube, tendo sido lançadas a partir de 2018, o qual é tido como o ano em que o brega-funk atingiu sucesso nacional. As canções foram analisadas com base na Análise Crítica do Discurso, mais especificamente na abordagem de Norman Fairclough (2003) acerca do discurso como representação dos eventos sociais, tendo como critério linguístico o sistema de transitividade oracional, segundo as diretrizes da Linguística Sistêmico-Funcional de Halliday e Matthiessen (2014).