IDEOLOGIA, PODER, MÍDIA E POLÍTICA: REPORTAGENS SOBRE AS "COMEMORAÇÕES DEVIDAS" AO GOLPE MILITAR DE 1964
Ideologia; Hegemonia; Mídia; Poder; Comemorações devidas
Partindo do pressuposto que, na atualidade, a exposição midiática potencializada pelas conexões online é um poder nas disputas ideológicas que atravessam a sociedade que, por consequência, condicionam a produção de sentido e as relações hegemônicas, este trabalho tem como objetivo principal analisar as formas simbólicas construídas nas reportagens sobre as “comemorações devidas” aos 55 anos do golpe militar, propostas pelo presidente – em exercício – Jair Messias Bolsonaro, no ano de 2019, e como estas sustentam relações de poder/dominação na construção do pensamento político-social através da mídia. Ancorados nos preceitos da Análise Crítica do Discurso, principalmente nos estudos de Thompson (1995) e Dijk (2012, 2017), analisamos treze reportagens que veiculam a temática das “comemorações devidas”, sendo seis do jornal Folha de S.Paulo (o de maior circulação no país) e sete do jornal Diario de Pernambuco (o maior do estado), a fim de entendermos como os modos gerais de operação da ideologia constroem relações hegemônicas entre os jornais para com seus leitores e o momento em que essas relações se tornam abuso de poder. A partir das análises, evidenciamos que a mídia funciona como uma engrenagem que não apenas constrói, mas sustenta relações de dominação – dado seu poder de atribuir visibilidade a interesses que podem ser mais ou menos convergentes dentro das esferas de poder, sendo, nosso foco, a esfera histórico-política brasileira. Com isso, evidenciamos também que fatos históricos que marcam a população, como a ditadura militar, devem ser discutidos, analisados e percebidos não só no âmbito científico, mas no social, para que possamos nos tornar, a cada dia, não apenas pesquisadores, mas pesquisadores críticos que entendem seu papel na missão de repelir a possibilidade de uma ciência não valorativa.