Maternidade e subversão: a representação do ser mãe e do ser mulher em A filha perdida, de Elena Ferrante
Elena Ferrante; Maternidade; Personagem; Mulher.
Com o propósito de discutir a representação da mulher em A filha perdida, de Elena Ferrante, esse trabalho adotou como categoria de análise o personagem, a partir do qual se buscou identificar as formas de representação da maternidade no romance. Esse enfoque foi norteado pela abordagem dialética e por pressupostos teóricos estabelecidos por Lukács (2000), ancorado na discussão do herói problemático, e Bakhtin (2002), a partir dos conceitos de dialogismo, ideologismo, polifonia e carnavalização. A reflexão sobre a maternidade foi baseada em fundamentos teóricos de Simone de Beauvoir (2006), que distingue o ser mulher do ser mãe, e de Elisabeth Badinter (1985), que problematiza o ideal do instinto e do amor maternos como condições intrínsecas à subjetividade feminina. Pela análise realizada, foi possível compreender a maternidade como um constructo social, no qual a mulher é pré-determinada à reprodução, mascarando os seus aspectos negativos, como a perda da identidade, a exaustão, a submissão e a opressão.