Maternidade e subversão: a representação do ser mãe e do ser mulher em A filha perdida, de Elena Ferrante
Elena Ferrante; Maternidade; Personagem; Mulher.
Com o propósito de discutir a representação do ser mulher e do ser mãe em A filha perdida, de Elena Ferrante, esse trabalho adotou como categoria de análise o personagem, a partir do qual se buscou identificar as formas de representação da maternidade no romance. Esse enfoque foi norteado pela abordagem dialética e por pressupostos teóricos estabelecidos por Lukács (2000), ancorado na discussão do herói problemático, e Bakhtin (2002), a partir dos conceitos de dialogismo, ideologismo, polifonia e carnavalização. A reflexão sobre ser mulher foi ancorada, principalmente, sob os fundamentos teóricos de Simone de Beauvoir (2006), que discute a mulher como um conjunto dos fatores biológicos, psicológicos e históricos, e Judith Butler (2003), que aborda a multiplicidade do sujeito e as definições impostas por uma estrutura heteronormativa dentro de um sistema binário. Adiante, a maternidade foi abordada sob a análise histórica e social de Elisabeth Badinter (1985, 2011), que problematiza o ideal materno e a figura da boa mãe como condições intrínsecas à subjetividade feminina, e Bell Hooks (2019), que trata da parentalidade na modernidade, e por fim, Mariele Rios (2019), que expõe os conflitos inerentes à maternidade. Em última instância, foi analisada a representação do ser mulher e do ser mãe a partir da protagonista – Leda – que vive em conflito sobre a sua maneira de maternar e o seu lugar no mundo devido aos ditames sociais que impõem a mulher ao ambiente doméstico e que divergem com os seus anseios pessoais. Pela análise realizada, foi possível compreender a maternidade como um constructo social, no qual a mulher é pré-determinada à reprodução, mascarando os seus aspectos negativos, como a perda da identidade, a exaustão, a submissão e a opressão.