DIALOGISMO E POLIFONIA NA OBRA CASA DE ALVENARIA, DE CAROLINA MARIA DE JESUS: POTENCIALIDADES DO GÊNERO DIÁRIO NAS RELAÇÕES (TRANS)DIALÓGICAS ENTRE LITERATURA, SOCIEDADE E ENSINO
Literatura e sociedade; Gênero diário; Dialogismo; Polifonia; Carolina Maria de Jesus.
A obra “Casa de Alvenaria” (1961), de Carolina Maria de Jesus, aborda a ascensão social da autora após o sucesso de seu livro anterior, “Quarto de Despejo” (1960). A escritora relata o seu cotidiano expondo a hipocrisia burguesa da cidade de São Paulo e as discriminações raciais e de gênero que sofre por ser uma mulher negra vinda da periferia. A autora narra o seu dia a dia por meio de um diário, que veio a se tornar gênero literário após diversos estudos e discussões durante o século XIX, com o valioso auxílio da crítica literária. Assim, este trabalho trará investigações acerca do diário enquanto um gênero da literatura, abordando o seu contexto histórico como um texto relator (e denunciador) da realidade social. Juntamente, a pesquisa abordará os fenômenos do dialogismo e da polifonia, fundamentados pelo pensador e filósofo da linguagem Mikhail Bakhtin. Tais conceitos são responsáveis por envolverem uma pluralidade de vozes e de representações sociais. Dito isso, esta dissertação tem como objetivo central analisar a constituição de elementos dialógicos e polifônicos na obra “Casa de Alvenaria”, levando em conta as características do gênero diário nas relações entre literatura e sociedade. Além disso, também serão abordadas problematizações sobre a invisibilidade da voz feminina negra nas salas de aula do ensino básico, trazendo uma ideia de sequência didática que fortaleça uma educação literária feminista, antirracista e dialógica. Para isso, foi utilizado o método da pesquisa bibliográfica, seguindo as etapas de Tozoni-Reis (2009): delineamento da pesquisa, revisão bibliográfica, coleta de dados, organização dos dados, análise e interpretação dos dados e a redação final. Logo, os resultados parciais desta dissertação destacam que Carolina Maria de Jesus viu no diário uma oportunidade de apresentar relatos reais e diretos devido às características polifônicas e dialógicas do gênero.